A Ufologia na sua arrogância marginal: uma experiência de harmonização de conhecimento na UPUPI.

 

Não possuir um lugar de unidade. Essa é a característica que sempre critiquei nas minhas reflexões sobre o tema, falta no sentido teórico, pois os pensamentos expostos em torno do assunto são o mais diversos e difusos em toda a sua extensão. Os grupos trabalham (os competentes, é lógico!) em diferentes trilhas metodológicas (devemos repensar esse conceito na Ufologia?) individuais que eles às vezes nem saibam ao certo se esse ou aquele é o caminho. Em minha trajetória de sete anos de envolvimento nas leituras e dentro da UPUPI venho criticando essa prática, mas começo a perceber através dos integrantes efetivos que não podemos agir dessa maneira num campo de saber tão espinhoso.

Os discursos são extremamente particulares onde a subjetividade e o lugar do sujeito que atua impede tal sistematização numa área tão acidentada em seu relevo. Aprendi com os amigos de pesquisa que realmente estão investigando os fatos, através de uma minuciosa observação de suas posições (Igor Patrik, Israel Severo e Flávio Tobler) que é impossível buscar meios homogeneizantes para “academizar” nossas pesquisas. É muito profícuo debater sobre a possibilidade da existência dos UFOs e seus tripulantes com ufólogos singulares em sua perspectiva de análise. O conhecimento adquirido em territórios tão distintos enriquece e rompe nossos maniqueísmos baratos e se cria uma série de eixos de consciência sobre o mundo e o que está fora dele.

Esse aspecto anti-homogeneizante é o que é o que pretendo defender agora. A ânsia pela uniformização é contraditória, pois nossos caminhos são diferentes e o “objeto” (ou “objetos”) que estudamos é extremamente volátil (Discos voadores, depoimentos, visões, relações com astronomia-história-geopolítica...) e amarrá-lo numa camisa de força conceitual para convertê-lo em “algo científico” seria pular num abismo. A proposta é aproximar e não enquadrar ao padrão científico, que tem objeto visível e material.

Existe mesmo determinação ufológica? Temos certeza de que estamos seguindo a trilha correta?

A “arrogância marginal” que digo é que temos poder suficiente para esnobar nossa sensibilidade e olhar agudo sobre a Ufologia. Para encarar esse estudo não é preciso necessariamente acreditar, mas ter sensibilidade para ver além das fronteiras “oficiais” que o enquadramento sufocante da academia sombreia. A pluralidade de conceitos e idéias libertas da corrente da ignorância reguladora nos permite voar.

Para ser Ufólogo é preciso se marginalizar, pois a inquisição científica ainda não reconheceu a multidão de pessoas que afirmam a existência de tais seres e objetos voadores e nem se darão o trabalho de entender a configuração dessa teia de imagens registradas, marcas evidentes e traumas pós-contato.

Por isso devemos insultar os leigos, que vivem escorados no pensamento cartesiano-mecanicista e fora do holismo que Frijof Capra alerta tanto para esses homens sem alfabetização planetária. Quem sabe um dia o tão sonhado ponto de mutação se realize e o ranço “medievalista” que povoa a mentalidade dos desconhecedores do assunto se dilua... Aí o “negocin de ET” provavelmente cai por água abaixo!

Considero-me renovado na perspectiva ufológica. Ela é plural, “louca”, colorida e aproximada da ciência como estratégia de mínima credibilidade na “política de boa vizinhança”. Felizmente excluída da sociedade, sua marginalização é que a fortifica deixando claro que entender a realidade por esse prisma não é para qualquer um. Para entrar em qualquer área da Ufologia (Místico-esotérica ou Ufologia científica) é preciso ter uma credencial onde o assunto deve ser debatido em lugares apropriados, principalmente em encontros específicos de leitores e produtores de conhecimento no tema. Acho importante todos refletirem sobre o pensamento de Jaques Vallé que afirma que há um mal investimento na pesquisa, com bobagens sem fins práticos onde muito do que se realmente precisa cai no ralo do ibope do Gugu e do Gilberto Barros, dois demagogos que várias vezes fizeram de palhaço renomados pesquisadores.

Mexendo nas antigas leituras me deparo (como é bom escrever em primeira pessoa!!!) com um trecho que me estimula bastante:

“Não procuramos mais luzinhas no céu e tampouco nos preocupamos com simples pousos no solo. Tentamos entender o porquê da existência dos UFOs, de onde vêm, o que querem, qual sua ligação com as religiões e o que fizeram há séculos pela humanidade(...) Para aqueles que agora iniciam sua busca nessa direção, não deixem de garimpar as evidências sobre os UFOs, pois é emocionante (...) A cada novo caso constatamos como os discos voadores desrespeitam todas as leis da Física, ultrapassada e defendida pelos “sábios” que muito pouco ou quase nada de Ufologia e, mesmo assim, gritam aos quatro ventos que os UFOs  não existem, são fruto da falta de conhecimento e  desequilíbrio mental de alguns. Quanta ignorância!” (ATHAYDE, Reginaldo. ETS, Santos e Demônios na Terra do Sol, Biblioteca UFO, 2000.)

Compartilho com Athayde, pois essas pessoas não sabem que mundo fascinante está deixando de descobrir pela preguiça ou pela imposição de um regime midiático que deteriora os 10% da capacidade humana. Por isso me declaro arrogante e sensível, lamentando que a Ufologia vire conversa de bar.

         Descentralizar e volatilizar o pensamento sem torná-lo vulgar, é minha nova lente dentro da UPUPI como estudioso juntamente com meus amigos que estão todos os domingos (Igor, Flávio e Israel e os participantes) procurando respostas...

  

Francisco Aristides
Membro efetivo da UPUPI
07-09-2006

© UPUPI - União de Pesquisas Ufológicas do Piauí - PI - Todos os direitos reservados 2003-2005